O que Usain Bolt tem a nos ensinar sobre biomecânica da corrida



"Sempre há limites. Eu não conheço os meus" Usain Bolt.

A citação foi dita pelo Jamaicano após conquistar o recorde mundial na prova dos 100 metros no campeonato mundial de atletismo em Berlim, 2009. É indiscutível que Bolt é e sempre será uma lenda! Todos nós temos gravado em nossa memória ao menos uma das cenas clássicas de suas comemorações.

Além de seu carisma e influência com o público, o atleta conseguiu manter seu posto intacto até hoje  e faz com que muita gente acredite ser impossível que outro ser humano bata seu recorde de 9´58 nos 100 metros.

Com uma performance admirável nas pistas, o que dizer sobre sua biomecânica?

Neste artigo trarei algumas informações sobre:
  • O quanto a análise biomecânica é importante
  • O por quê não devemos dar tanta ênfase na biomecânica perfeita
  • A diferença entre uma biomecânica imperfeita e uma catastrófica. 
Portanto, continue lendo este artigo para descobrir o motivo de Usain Bolt ter se tornado uma lenda mesmo não  possuindo aspectos biomecânicos perfeitos.


A importância da análise biomecânica



É inegável que uma boa qualidade da corrida seja importante para aumento da performance e diminuição do risco de lesões. A partir de uma análise detalhada é possível a identificação de alguns desvios de pisada, alinhamento do tronco ou falta de ritmo que podem destruir a vida esportiva de qualquer atleta a médio ou longo prazo. 

Além da função primordial da análise que é identificar os fatores que podem aumentar as chances do atleta se lesionar, a importância de perceber o desperdício de energia durante a corrida também é essencial para o ganho na performance.

Através da soma de benefícios que a análise trás, podemos melhorar a qualidade da corrida, diminuir o risco de lesões e aumentar o desempenho do atleta nas pistas.

Sempre fui adepto da avaliação. Até hoje avalio e identifico padrões incorretos de movimento nos meus pacientes. Porém, é necessário que não se leve estes fatores ao extremo, buscando uma biomecânica perfeita. Pois esta, não existiu nem no melhor do mundo!

Erros são Admitidos


Não podemos chamar todo desvio ou adaptação de nosso corpo de erro biomecânico. Nosso corpo evoluiu e se adaptou a diversos fatores externos. Algumas diferenças entre pessoas são comuns e não indicam possível lesão.

 Um exemplo de erro biomecânico é a largada de Usain Bolt. Esta nunca foi seu ponto forte, Bolt sempre largou por útimo com uma biomecânica questionável. Mesmo assim, esbanjava e fazia bom uso das fases de impulsão ao ponto de tomar frente de todos os competidores e chegar em primeiro.

É importante que se de foco aos fatores biomecânicos que realmente podem causar alguma lesão, e  não perder tempo em outros que só dizem respeito a um alinhamento "perfeito".

Como identificar um desvio de risco.

As alterações biomecânicas de risco já são descritas na literatura. Um erro de aterrissagem pode aumentar as chances de desenvolver Canelite, lesões femuro-patelares (joelho) e dores no quadril. Erros de inclinação do tronco e desvios dos joelhos para dentro (desvio em valgo) ou para fora (desvio em varo) elevam as chances de injúria nos meniscos e ligamentos dos membros inferiores.
Por isto, pequenos desvios como um pé um pouco mais pronado (chato) ou supinado não necessariamente significa que predisponibilizará o corredor a uma lesão.
Saber identificar pequenos desvios de grandes problemas é essencial.

Usain Bolt não possui a Biomecânica perfeita. Acredito que ninguém tenha. Alterações são comuns e diferenças entre pessoas é mais do que admitido. A idéia da análise é identificar erros grosseiros, conhecidos e que possuam alto potencial de desenvolver lesão, e nunca foi aprimorar uma técnica até se tornar perfeita. Não se preocupe em correr totalmente "alinhado" isto talvez nunca ocorra. Corra de forma natural, descubra se não comete nenhum erro grosseiro! E longa vida nas pistas!

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